Reguinha peso

domingo, 2 de dezembro de 2007


FRÁGIL/FORTE

Frequentemente observa-se crianças recém nascidas, e mesmo não tão “recém nascidas” assim, cobertas com camadas de roupas. Basta que o tempo esfrie um pouco, que logo a criança é coberta com grossos casacos , gorros, sapatos de lã e até luvas. Logicamente não estamos falando sobre proteger uma criança de baixas temperaturas. O que seria normal e até esperado.Porem o que se observa é que certas mães “super aquecem” a criança, com medo que ela sinta frio. Seguindo este raciocínio podemos transportar esta mesma idéia para uma pessoa que se “cobre” com uma camada de gordura. O que esta pessoa estaria (entre diversos fatores) tentando evitar ? Um deles pode ser expor a sua própria fragilidade.

Ao nos depararmos com uma pessoa muito magra, sempre nos referimos a ela como alguém que transmite fragilidade: “É tão magro, parece tão frágil”. “Dá a impressão que os ossos vão quebrar”, etc. Em contrapartida quando nosso foco de visão é alguém gordo, muitas vezes dizemos, de maneira educada, que ele é “forte”. Um gordo nunca é frágil, ao menos fisicamente.


Se nos aprofundarmos nesta idéia vamos encontrar autores e teorias que associam anorexia a uma vontade de permanecer na infância, de não crescer, um medo de amadurecer. O amadurecimento, pelo menos físico, é inevitável. O que tornaria esta doença uma “verdadeira batalha” contra a própria natureza do ser humano, que passa por fases distintas de crescimento e amadurecimento.

Se na anorexia, se “quer” permanecer frágil e infantil. Na obesidade se quer extremante o oposto. Evitar esta posição e sua conseqüente sensação de fragilidade, que a infância nos expõe.
Um quer permanecer lá indefinidamente, enquanto o outro quer evitá-la a todo custo. Ambos estão em desequilíbrio. Ninguém é tão fraco que não tenha seus momentos de força. Nem tão forte que não tenha fraquezas, nem momentos de fragilidade.

Ao tentar ser sempre forte, me torno mais fraco. Todos passam por situações aonde nos sentimos frágeis, e incapazes de agir, limitados como se fossemos crianças. Mas ao invés de tentar (porque não se consegue evitar estes sentimentos) encarar este sentimento, e só assim termos a possibilidade de crescermos emocionalmente de maneira efetiva, e nos tornarmos fortes emocionalmente e não fisicamente. Colocamos-nos trás de uma “cerca de proteção anti-fragilidade” chamada gordura.
Poderíamos chamar de “fragilidades” os nossos pontos fracos. Eles seriam a porta de entrada para tudo que nos atinge. Se ficar extremamente magoada porque alguém não me convidou para uma festa, estou diante de um ponto fraco. Não sei lidar com a rejeição, ela me deixa “fraco”, encaro a minha própria fragilidade, não gosto de ser frágil. E para não expor minha própria fragilidade (assim como a mãe não quer expor a criança ao frio), me cubro com gordura.
Assim como a anoréxica tem que encarar a sua própria maturidade, e o medo que tem dela. A compulsiva (geralmente com excesso de peso), deve encarar a sua própria fragilidade. Muitas pessoas começam a engordar depois de períodos, e/ou situações estressantes. Estas situações nada mais seriam do que ocasiões aonde nos sentimos frágeis, por não termos conseguido lidar com nossos sentimentos de perda,rejeição, angustia, ansiedade e até mesmo de incapacidade.

Você não é “fraco” porque não conseguiu lidar com uma determinada situação. Você pode apenas, não saber como lidar com ela. Você não tem que saber “TUDO”, para não parecer frágil. Você só sabe o que sabe.
S
ó encarando o seu lado frágil, você se tornará forte.
Deixe-se ser frágil me determinados momentos. Não tenha a pretensão (aquele que pretende “ser”) forte o tempo todo. Você não precisa ser o “fortão”, o “bacana”, o tempo todo tempo. Isto é irreal. Ninguém é assim. Não continue alimentando esta idéia com a desculpa que os outros esperam este comportamento de você.
Encarar a sensação de fragilidade é aceitar que ela existe. Aceita-la dentro de você.
È somente você que esta se cobrando por algo ilusório que não te protege de nada. E que esta custando a você.Somente de você. O que você tem de mais preciosos que é a sua vida.


Texto: Valéria Lemos Palazzo CRP 06/35173
e-mail:
valeria@gatda.psc.br

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